Em um momento histórico para o movimento Hip Hop brasileiro, cerca de 50 lideranças de todas as regiões do país – representando 17 estados – reuniram-se na capital federal para dialogar diretamente com representantes do governo e parlamentares sobre políticas públicas de combate ao racismo, com foco na juventude negra, e a valorização do Hip Hop como aliado fundamental no desenvolvimento do país. A atividade, realizada na Casa Peregum, simboliza um novo marco de ARTiculação entre cultura de base, poder público e sociedade civil.
A roda de conversa foi promovida pela Construção Nacional do Hip Hop, em parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), a Frente Parlamentar Mista do Hip Hop e o Instituto de Referência Negra Peregum, e contou com presenças de destaque como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o educador e conselheiro Douglas Belchior e o secretário-executivo do CDESS, Olavo Noleto.
“A cultura hip-hop forma, emprega, mobiliza, denuncia e cura — por isso, precisa estar no centro das políticas públicas para juventude e igualdade racial”, afirmou a ministra Anielle Franco, reforçando o papel estratégico da cultura periférica na luta por justiça social.
A Frente Parlamentar do Hip Hop, atualmente liderada pelo deputado Pastor Henrique Vieira, reafirmou seu compromisso com o movimento: “O Hip Hop é revolução preta, popular, periférica. É ancestralidade. Passado, presente, futuro”, destacou o parlamentar. Ao seu lado, o deputado Renato Freitas e a conselheira e facilitadora nacional da Construção Nacional do Hip Hop, Cláudia Maciel, endossaram o chamado à ação para salvar vidas negras e fortalecer territórios marginalizados.
Estiveram presentes também autoridades do Ministério da Cultura (MinC), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do Ministério da Saúde, da Secretaria das Periferias, além das deputadas federais Carol Dartora e Juliana Cardoso. O deputado distrital Max Maciel, que cresceu dentro da cultura Hip Hop e hoje atua em seu fortalecimento no legislativo, também participou do encontro, reforçando a conexão entre território, cultura e política.
Durante o evento, foi lançado simbolicamente o projeto Universidade do Hip Hop, que estreia com o Curso de Extensão em Mulherismo Afrikana – política pública para homens negros e o Hip Hop, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A iniciativa evidencia o papel da educação como ferramenta de emancipação e resistência.
Entre os principais encaminhamentos definidos, destaca-se a proposta, junto à Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e ao CDESS, de realizar uma imersão com o Hip Hop para que o Governo Federal possa compreender, de forma mais aprofundada, como atuar com o movimento na construção de um país mais democrático e justo.
Com a Frente Parlamentar do Hip Hop, os encaminhamentos incluem a estruturação da Frente e a continuidade de projetos de lei, como o que institui o Dia e a Semana Nacional do Hip Hop, proposto pelo próprio Presidente Lula e em tramitação na Câmara Federal, com data marcada para 11 de agosto. Além disso, busca-se a votação do PL que transforma em lei o decreto presidencial assinado em 2023 e a continuidade do processo de reconhecimento do Hip Hop como Patrimônio Cultural e Imaterial, em parceria com o IPHAN — um processo que exigirá forte mobilização do movimento e produção científica para fundamentar o título.
No campo da comunicação pública, os encaminhamentos com a EBC incluem o planejamento de estratégias para reinserir o Hip Hop na grade de programação dos veículos da rede pública, como a TV Brasil e as Rádios Nacional AM e FM.
Foi entregue ao Ministério da Igualdade Racial (MIR) um documento com propostas do movimento que visam somar forças ao Plano Juventude Negra Viva (PJNV). O texto traz ações já realizadas pelo Hip Hop em todo o Brasil que, ao integrarem o PJNV, podem ampliar o alcance do plano e contribuir significativamente para a redução da mortalidade de jovens negros. A Construção Nacional do Hip Hop integra o Comitê Gestor do PJNV, atuando diretamente na execução e sucesso do programa.
O conselheiro Douglas Belchior sintetizou o espírito do momento: “Estamos diante de um evento importante de afirmação desse movimento educador da história do Brasil que é o Hip Hop.” Já Olavo Noleto reforçou: “O fortalecimento do Hip Hop no Brasil é o fortalecimento de uma consciência crítica que nos leva a um lugar muito melhor do que estamos hoje.”
Esta articulação nacional aponta para objetivos concretos: aprofundar o diálogo entre o Estado e os movimentos culturais, combater o racismo estrutural e o epistemicídio negro, e construir políticas públicas que reconheçam o Hip Hop como uma poderosa ferramenta de transformação social.
O RAP segue em movimento — e agora, mais do que nunca, com voz ativa na construção de um país mais justo, plural e representativo.
Lindo demais ver isto acontecer ..é quanto mais de nós artistas ti ermos a arma do conhecimento e do saber ..seja acadêmico seja autodidata …mas possibilidade teremos de criar.novas soluções de.combate a fome.e miséria no mundo. E conquistar a paz entre os humanos que habitam a Terra