No 6 de agosto, celebramos mais que um estilo musical: reverenciamos uma cultura que nasceu nas vielas como denúncia, resistência e identidade das periferias brasileiras.
Ontem, 6 de agosto, celebramos o Dia do RAP Nacional — mas essa data vai muito além de uma comemoração. É sobre resistência. É sobre memória. É sobre honrar uma cultura que salvou vidas antes mesmo de ser reconhecida como arte.
O RAP Nacional não é só melodia, não é só flow, não é só rima bem encaixada. Ele nasceu como grito sufocado nas vielas, como manifesto gravado em fita cassete, como noticiário das quebradas silenciadas pela mídia. É mais que música — é documento histórico. É livro de denúncia. É trilha sonora de quem sobrevive com pouco, mas não aceita calado.
O RAP das antigas não buscava cifras, buscava mudança. Racionais MC’s, Facção Central, MV Bill, Dina Di, Sabotage, DMN, RZO, entre tantos outros e outras, desenharam em rimas um país que Brasília se recusava a enxergar. Falaram de genocídio, racismo, encarceramento em massa, abandono estatal e da guerra travada todos os dias por jovens pretos e periféricos.
Era RAP com sangue nos olhos e amor no peito. Verso carregado de revolta, mas também de afeto pela quebrada. Era a escola de quem nunca teve escola. Era a universidade da rua.
Hoje o mercado se abriu. A estética mudou. Os palcos cresceram. Mas a essência precisa resistir. Porque enquanto houver desigualdade, o RAP continua necessário. E mais que necessário: urgente.
Neste Dia do RAP Nacional, que a gente volte a ouvir não só com os ouvidos, mas com o coração e a consciência. Que a nostalgia do RAP raiz nos lembre de onde viemos e para onde ainda precisamos caminhar.
Porque se o país não muda, o protesto também não pode parar.