Dois lançamentos que marcam o RAP nos últimos dias: Don L e JotaPê

Enquanto Don L mergulha em brasilidade crítica com “Caro Vapor II”, JotaPê inova com narrativa audiovisual em “Até a Última Rima”, ambos com grandes colaborações.

Após alguns dias sem atualizações na nossa coluna, voltamos com um destaque especial: os novos álbuns de Don L e Jotapê, dois lançamentos que movimentaram o RAP brasileiro nos últimos dias. Com propostas distintas, mas igualmente potentes, os discos mostram a versatilidade e a profundidade da nossa cena.

Don L – “CARO Vapor II: Qual a Forma de Pagamento?”

No dia 16 de junho, Don L lançou seu quarto álbum de estúdio, uma continuação conceitual da mixtape “Caro Vapor/Vida e Veneno” (2013). “CARO Vapor II” é uma obra que transcende o RAP tradicional, incorporando elementos de MPB, bossa-jazz, baião, funk e até amapiano. A riqueza sonora se alinha a uma narrativa crítica e poética sobre a sobrevivência no capitalismo tardio e a busca por dignidade através da arte.

Com 15 faixas, o álbum traz colaborações com Alice Caymmi, Luiza Lian, Anelis Assumpção, Fernando Catatau, entre outros. Destaque para “Saudade do Mar”, que liga Fortaleza à obra de Dorival Caymmi, e “Para Kendrick e Kanye”, uma espécie de carta aberta ao RAP.

Don L mostra um Brasil periférico com elegância, lirismo e sofisticação musical, oferecendo ao ouvinte uma utopia dentro da distopia. O show de lançamento acontece no dia 18 de julho, na Audio, em São Paulo.

Jotapê – “Até a Última Rima”

Poucos dias depois, em 3 de julho, Jotapê lançou o aguardado álbum “Até a Última Rima”, produzido por Papatinho. O projeto conta com 14 faixas e participações de peso como Emicida, Lulu Santos, Major RD e Lezin. O álbum é uma imersão visual e sonora, com cada música acompanhada por conteúdo audiovisual exclusivo.

A obra gira em torno de identidade, racismo, afetos e legado. A faixa “O Legado de Pryor”, lançada previamente, já anunciava a força narrativa do projeto. Jotapê se firma como um dos nomes mais criativos e expressivos do novo RAP nacional, trazendo uma estética cinematográfica e um discurso afiado.

Apesar das diferenças estilísticas, os álbuns de Don L e Jotapê convergem ao tratar do papel do artista na sociedade, da resistência através da arte e da busca por pertencimento. Don L, com seu legado consolidado, aprofunda o RAP como expressão intelectual e musical. Jotapê, com sua ousadia e linguagem visual, aponta para o futuro.

Esses lançamentos reforçam a riqueza e a diversidade do RAP brasileiro em 2025. Se você ainda não ouviu, chegou a hora de mergulhar nessas duas obras que vão muito além da batida. Sinta, reflita e compARTilhe.

RAP NO MOVIMENTO segue firme na missão de valorizar nossa cultura.

Por aqui, Preto Lauffer. Diretamente dos becos da ilha do racismo, também conhecida como Florianópolis (SC).

 

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