Um marco pro rap nacional
O rap nacional acaba de ganhar um trampo histórico. A faixa “A Colheita (Dia dos Finados)”, de Pr. Cícero e Markin FDO, é tida como a maior música de rap já feita no Brasil, não só pelo tamanho, mas pelo peso da mensagem.
A track cita 386 nomes reais, vítimas de mortes trágicas, e se inspira tanto no filme Colheita Maldita quanto na passagem bíblica de Mateus 26:52, “todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”.
Essa é uma obra que junta fé, arrependimento e rua. É espiritual, mas também social. É rap com verdade, sem maquiagem.
Do cárcere ao microfone
O projeto começou quando Pr. Cícero tava recluso na Unidade Prisional Regional de Valparaíso de Goiás, no entorno do DF. Depois, já na Papuda, ele conheceu Markin, ex-integrante do grupo Filhos da Obediência, o primeiro grupo de rap gospel de Santa Maria-DF a gravar um CD, junto com Marcelo e Jhon.
Mesmo no corre errado, Cícero já mostrava visão e talento. Ele também fez parte do Filosofia Negra, grupo que continua somando até hoje em composições e parcerias.
Depois de cumprir pena, os dois se reencontraram na liberdade e decidiram mudar o rumo da caminhada. Cícero virou pastor e evangelista, e Markin voltou pro evangelho em carreira solo, lançando o livro “De Frente pro Crime”, que esgotou a primeira tiragem com mil cópias, contando vivências reais no crime, na Papuda e em Cascavel.
“A Colheita” nasce dentro da prisão
Foi dentro do Complexo Penitenciário da Papuda que nasceu A Colheita. A faixa é mais que música, é memorial e manifesto.
Os manos rimam nomes e histórias de quem perdeu a vida, refletindo sobre a galera que não teve o mesmo livramento pra sair do crime.
Finalizada em 2020, a track virou videoclipe com cenas fortes em cemitérios e velórios, mostrando o peso da rima como registro da realidade.
“Uma evangelista me mandou um recado no pátio dizendo que minha detenção era um livramento. Hoje eu entendo que foi mesmo”, relembra Markin.
Rap com fé, propósito e missão
Hoje, Pr. Cícero e Markin FDO seguem firmes na missão: levar a palavra e a consciência através do rap.
Eles colam nas ruas, nas igrejas, nos eventos e nas casas de recuperação, mostrando que o hip hop é ferramenta de fé, transformação e salvação real.
O projeto contou com o apoio de DJ Ricardo, e o aval de nomes grandes da cena como DJ Marola (Marola Discos) e DJ Ney (Gringos Records), mostrando que o corre é sério, legítimo e reconhecido tanto aqui quanto lá fora.