AUTORIA MARGINAL: a autoria como ferramenta de sobrevivência coletiva

Em tempos em que a cultura brasileira é constantemente colocada à prova — seja por cortes de verbas, seja pela invisibilização de quem a produz —, surge uma proposta que ecoa como um grito urgente por justiça: AUTORIA MARGINAL. Mais que um projeto artístico, trata-se de um movimento político, social e cultural que coloca no centro do debate o direito à autoria como forma de sustento, reconhecimento e reparação histórica.

Até o dia 22 de junho, qualquer pessoa pode apoiar essa iniciativa a partir de R$ 10, por meio da plataforma Benfeitoria. A campanha convida o público a participar ativamente da construção de uma obra literária provocativa, inspirada na música Primeiro de Abril, que trata do direito global à autoria — com foco num olhar brasileiro, coletivo e combativo.

A proposta é simples, mas potente: ao contribuir, o apoiador passa a receber diariamente, sempre à meia-noite, uma nova entrega artística. Essa recompensa inclui não apenas trechos da obra literária em desenvolvimento, mas também uma curadoria de arte brasileira e um balanço do que foi produzido no dia. A cada nova virada de data, o conteúdo se renova — e reforça o compromisso de que autoria é continuidade, não evento isolado.

Mais do que receber, o apoiador também tem voz ativa. No dia 23 de junho, será realizada uma votação online e transparente, em que os próprios financiadores decidirão como o dinheiro arrecadado será distribuído. As opções incluem: a produção física da obra (com tiragens destinadas a formações em direitos autorais promovidas por apoiadores locais) e a remuneração justa de artistas, criadores e coautores que dedicaram tempo e energia a essa criação coletiva. A única parte não sujeita a votação é o recolhimento de impostos — o qual será realizado conforme determina a legislação brasileira, com total prestação de contas nas redes do projeto.

Mas o AUTORIA MARGINAL não para por aí. A obra — inicialmente em português — também será traduzida para inglês e espanhol até o final da campanha, ampliando seu alcance e inserindo a discussão sobre direitos autorais num panorama verdadeiramente global. Mais do que uma bandeira técnica, o projeto apresenta o direito à autoria como ferramenta de sobrevivência coletiva, especialmente para criadores periféricos, negros, indígenas, e tantos outros que sempre sustentaram a cultura brasileira, mas raramente foram reconhecidos por ela.

O projeto faz uso criativo de formatos digitais: palavras em negrito nos materiais de divulgação são clicáveis, levando o público a conteúdos adicionais, playlists e faixas sonoras que reforçam a mensagem — tudo ritmado com o beat da música brasileira e com a urgência da transformação social.

AUTORIA MARGINAL é, portanto, um chamado à ação. Uma afirmação de que criar é trabalho, e que trabalhar com cultura é um direito — não um favor. Em um país onde tantas vozes seguem desautorizadas, o projeto acende uma faísca: a de que reconhecer, nomear e remunerar quem cria é parte essencial da democracia.

Apoiar, neste caso, não é apenas financiar uma obra. É se colocar do lado da justiça, da memória e da reconstrução histórica.

Doe até 22 de junho e acompanhe diariamente esse movimento que une arte, política e futuro. Porque mudar os direitos autorais é mudar a forma como sobrevivemos.

 

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