Entre a pressão e o fluxo: A guerra invisível da produtividade

Tem dias que o silêncio fala mais alto que qualquer verso. E não é por falta de ideia, é por excesso de cobrança — interna, externa, institucional, invisível. Quem vive o corre da cultura, do RAP, do ativismo e da criação sabe: a agenda não para, mas o corpo e a mente gritam.

Vivemos numa era em que não parar virou regra. Produz, posta, performa. Quem não aparece, desaparece. Quem não entrega, é esquecido. Essa lógica cruel — de que só existimos se estivermos em movimento constante — é o novo chicote digital. E o mais perverso? Às vezes somos nós mesmos quem o empunha.

A produtividade virou moeda. Ganha espaço quem mostra resultados. Mas e o espaço para respirar? Para errar? Para simplesmente ser sem precisar justificar? Essa urgência de tudo e de todos sufoca a essência da arte. Nos empurra para um abismo onde a quantidade vale mais que a verdade.

No RAP, a palavra é arma e escudo. Mas até quem rima precisa de pausa. Não é falta de amor pela cena, é amor próprio. E esse também é um ato político. Porque quando recusamos a lógica do sistema que nos quer exaustos, também estamos em movimento — um outro tipo de movimento. Mais lento, mais consciente, mais real.

Essa coluna hoje não traz novidade, mas traz sinceridade. E talvez isso já seja revolucionário o suficiente. Que cada um se permita o tempo que precisa. Que a arte não vire fardo. Que o movimento seja humano, antes de tudo.

Máximo respeito memo!
…e mesmo no silêncio, seguimos na luta.

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