Favela no foco: o corre do FotoBeco
A cena cultural da quebrada vai tremer em outubro de 2025 com o FotoBeco Festival, o primeiro festival de fotografia realizado 100% dentro de uma favela de São Paulo. O evento rola nos dias 18 e 19 de outubro, com as exposições abertas até o dia 26, ocupando os becos e vielas da Favela Monte Azul, na Zona Sul. E o melhor: tudo gratuito — cultura acessível, feita por e para o povo.
A parada nasceu dentro da Galeria Sérgio Silva, idealizada em 2023 pelos fotógrafos Léu Britto e Rogério Vieira, ambos cria da Monte Azul. No começo, a ideia era simples: colar uma foto no escadão da quebrada a cada dois meses. Mas o movimento cresceu — o coletivo DiCampana puxou a primeira exposição em 2024, e o espaço virou um território de resistência e celebração.
“Já parou pra pensar por que FotoBECO? Pra mim, beco é encruzilhada, destino final. É ali que o trabalho se exalta e beija os pés da comunidade”, manda Léu.
Da quebrada pro edital e do edital pro mundo
O reconhecimento veio com o edital PNAB Nº 19/2024 – Projetos Culturais das Periferias, que deu o gás pra transformar a ideia em festival.
“Sem o edital, não rolaria. Foi o reconhecimento de que preencher uma favela inteira com arte faz sentido. É descentralizar e recalcular a rota da fotografia na cidade”, completa Léu.
Pra Rogério, o FotoBeco também é um ato político:
“Receber gente de toda São Paulo aqui, na porta da favela, é quebrar paradigmas. É mostrar que favelado também é fotógrafo, também é arte, também é potência.”
Exposições, oficinas e vivência de rua
As chamadas abertas em agosto receberam trabalhos de fotógrafos e fotógrafas do Brasil todo. A seleção tá nas mãos de uma banca formada por Ana da Cunha, Antonia Nayane, Dani Sandrini, Laíza Ferreira, além dos crias Léu Britto e Rogério Vieira. É uma galera que carrega visão de mundo, vivência e representatividade.
A primeira edição promete exposições a céu aberto, projeções noturnas, oficinas, mesas de debate e até mostra de portfólios com cachê pros artistas escolhidos. Tudo no coração da favela, no corre real, no contato direto entre moradores e visitantes — arte de quebrada pra quebrada.
FotoBeco é manifesto
“Que o público cole com o coração aberto, pra ver fotografia de verdade, pra além do Insta. Que ame essa arte — seja pela beleza, seja pela denúncia das dores que a gente vai mostrar”, diz Léu.
O FotoBeco Festival é a prova de que a fotografia também é resistência, e que a favela é produtora de cultura e não só de estatística.
O trampo é realizado com o apoio do edital PNAB Nº 19/2024, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas.