Quando o palco vira altar: a vida de Marku Ribas ganha corpo, som e alma no CCBB SP
É mais que teatro, é reencontro com a alma.
O espetáculo Marku Musical aterrissa em São Paulo depois de passar por Minas e Rio, ocupando o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB SP) de 12 de junho a 13 de julho de 2025. E não vem leve, não: vem com raiz, com corpo, com tambor batendo no peito. Uma homenagem de carne, osso e memória pro artista Marku Ribas — cantor, compositor, percussionista, dançarino, ator, e, acima de tudo, ancestral vivo na história da música preta brasileira.
Marku se foi em 2013, mas sua presença nunca saiu de cena. Agora, sua própria família sobe ao palco pra fazer essa ponte entre o ontem e o agora, com uma mistura potente de teatro, música e projeções ao vivo. Tudo ali: a vida do homem, a força do artista, o legado do pai, do companheiro, do guerreiro preto que nunca deixou de cantar mesmo quando o silêncio tentou gritar mais alto.
Texto com alma, cena com verdade
A base da dramaturgia é um ouro raro: o livro inédito “Marku por Marco Antônio”, escrito pelo próprio artista. A isso, somam-se memórias da família, arquivos, vídeos, registros — um resgate sincero e visceral.
Com texto de Allan da Rosa e pesquisa dramatúrgica de Rafael Queiroz, o espetáculo mescla realidade e ficção em uma linguagem híbrida e audiovisual, bem na pegada da vida de Marku, que nunca coube numa caixinha só.
No palco: família é resistência
A direção é de sangue, suor e amor: Lira Ribas, filha de Marku, assume o comando criativo. A trilha sonora vem por conta da irmã, Júlia Ribas, que também divide o palco com a mãe, Fatão Ribas. Completa esse time de alma e talento os artistas Mário Broder, Ìdòwú Akínrúlí e Gabriel Mendes.
Eles não estão só interpretando: estão revivendo, vibrando, reexistindo. É arte que emociona porque é real — é sangue falando com sangue, é herança contada por quem viveu cada pedaço dela.
Do interior de Minas ao mundo: a caminhada de Marku
O espetáculo refaz os caminhos do artista desde Pirapora (MG), sua terra natal, até Martinica, França, Nova Orleans, chegando ao continente africano. Mas também mergulha fundo no interiorzão do Brasil, nas culturas ribeirinhas, nas raízes afro-brasileiras, no som que brota da terra e no grito que vem da alma.
É uma experiência sensorial e política. Uma denúncia sutil contra o apagamento de vozes negras, e ao mesmo tempo uma celebração daquilo que resistiu: a autoria preta, a cultura viva, o afeto como revolução.
O afeto é político
Mais que uma biografia em cena, Marku Musical mostra o homem por trás da lenda: o pai, o companheiro, o amigo leal. E faz isso com um cuidado que emociona. Como diz Lira Ribas:
“Revisitar a obra de Marku é trazer discussões políticas pra cena, é reafirmar nosso orgulho ancestral afro-indígena, é celebrar nossa história em família. São Paulo abraçou Marku, e é emocionante trazer isso de volta nesse palco.”
E Júlia arremata com poesia:
“Doze anos sem sua matéria corpórea, mas a energia pulsa. O palco virou altar. Ocupar esse espaço com a família é ecoar uma verdade que nunca se quebrou. Marku é eterno porque o amor dele é inquebrável.”
CCBB SP e o compromisso com a diversidade viva
Ao receber Marku Musical, o CCBB SP firma seu lugar como espaço de resistência, memória e diversidade. Não é só sobre lembrar Marku, é sobre reafirmar a importância da arte preta no agora.
O espetáculo é um ritual de lembrança, mas também um ato de existência. Ele costura gerações com som, corpo e verdade. É um chamado pra quem entende que memória preta é semente, é tambor, é palco — e é revolução.
Se você respeita a quebrada, a ancestralidade, a música de raiz e a potência do afeto preto, não pode ficar de fora dessa vivência.
Teatro, música, verdade — tudo junto, tudo agora.
Este projeto conta com incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
SERVIÇO | Espetáculo “Marku Musical”
Temporada: em cartaz até 13 de julho de 2025
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – Teatro
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – São Paulo – SP
Horários:
Quartas a sextas, às 19h
Sábados, domingos e feriados, às 17h
Sessões extras: 12 de julho, às 15h e às 18h
Atenção: não haverá sessão no dia 14 de junho
Sessões com Libras: Dias 4 e 11 de julho
Bate-papo com o público: 5 de julho, após o espetáculo
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) disponível em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB | Meia-entrada: para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência – e acompanhante, quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard).
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
INFORMAÇÕES CCBB SP
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Contato: (11) 4297-0600
E-mail: ccbbsp@bb.com.br
Estacionamento conveniado: Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas, mediante validação do ticket na bilheteria do CCBB)
Traslado gratuito: Ida e volta entre o CCBB e o estacionamento conveniado, das 12h às 21h. No trajeto de volta, há parada também na estação República do metrô.
Transporte público: O CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô (Linha Azul). Há linhas de ônibus com embarque e desembarque nas ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou aplicativo: Recomenda-se o desembarque na Praça do Patriarca. O acesso ao CCBB é feito a pé pela Rua da Quitanda (200 metros).
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida podem utilizar a porta lateral à esquerda da entrada principal.
