Prince Belofá lançou “Neguinho” com lirismo afiado e mostrou porque é um dos nomes de peso do rap atual

O mano chegou com tudo. No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro de 2025, o Prince Belofá estreou o tão aguardado disco “NEGUINHO” e não foi só mais um lançamento: foi manifesto, foi corpo, foi espiritualidade, foi política, foi quebrada.

O álbum marcou a consolidação dele como um dos nomes mais fortes da nova geração do rap do DF, e atravessou fronteiras trazendo lirismo afiado, identidade, senso crítico e aquele toque espiritual que só quem vive o corre entende.

“NEGUINHO” é praticamente uma declaração de existência.
Cada faixa é um encontro entre fé, corpo e rua, afirmando a potência criativa e ancestral que pulsa no Centro-Oeste e nas quebradas do país inteiro.

Um disco com várias vozes, vários mundos

O álbum conta com participações de Marcelo Café, Nayê, Aggin, Isa Marques, Aqualtune e Layó — um mosaico de vozes que se encaixam sem disputar espaço, tudo fazendo parte do mesmo propósito:
afirmar identidades, celebrar resistência e questionar as estruturas que tentam silenciar o povo preto.

A sonoridade é plural, forte e madura.
Produções de Noze, Piá The Kid, ZucaBeatz e Rubão criam um universo que atravessa rap cru, groove, trap, reggae e referências afro-diaspóricas.

“Prince é tipo um porta-voz natural da cultura. Tem fala, tem presença. Esse álbum tem muito da história dele, mas também é história de muitos neguinhos por aí”,
disse Rubão, um dos produtores.

Três anos de construção: suor, vivência e ancestralidade

O disco tem 10 faixas, uma intro e um interlúdio.
Foram três anos entre conceito, gravações e mixagens, um processo quase ritualístico.

Algumas músicas nasceram em um acampamento musical idealizado pelo próprio Prince, reunindo artistas para criar em conjunto, numa troca intensa que ele chama de “game artístico”.

Nas letras, o mano entrega vida acontecendo, sem maquiagem:
histórias de amor, dor, rua, família, espiritualidade, política e sobrevivência.
Prince escreve no movimento, no improviso, direto no estúdio, deixando o som guiar a caneta.

Rap é espiritual, é político, é corpo

Prince deixa claro no álbum que rap não é só música:

“Não tem como isolar o rap de seu contexto social. O rap é político. O rap é da rua. Assim como Exú é dono das ruas, o hip-hop nasce nelas. É elementar.”

Essa visão atravessa o disco inteiro.
O álbum acende questões, celebra a ancestralidade e reafirma que a cultura preta é força, presença e movimento.

O peso de chamar o álbum de “NEGUINHO”

O nome não é só título, é provocação.
Prince fala sobre as camadas da palavra:

  • Na boca da família, “neguinho” é afeto.
  • Na boca de branco racista, a mesma palavra vira violência.
  • Nas ruas, pode ser alerta, identidade, carinho, resistência.

E ele trabalha todas essas nuances no disco, o amor, o trauma, o orgulho, a dor, a construção.

“O termo muda dependendo de quem fala. No álbum, eu trato de todos esses sentimentos.”

O álbum atravessa o neguinho amado, o neguinho ferido e o neguinho gigante.

A fusão: rap, afrobeats e neo-samba

Prince bebe em referências que vão de Racionais MC’s a Alcione, de Djonga a Jovelina Pérola Negra.
Sua música é uma mistura própria:

afrobeats + rap + neo-samba + ponto de macumba + percussão ancestral.

O resultado é um álbum cinematográfico, que soa como trilha da jornada do herói negro, o “neguinho” do título, no meio de amores, crenças, vivências e batalhas.

 

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